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quinta-feira, outubro 12, 2006

Atrás da porta, o fim

A excentricidade e a busca por provações que fogem do conceito de normalidade, foram um diferencial entre vários artistas, não restringindo isso apenas ao campo musical. A tendência em vivenciar conflitos internos cada vez mais intensos, permitiu com que muitos deles conseguissem alcançar um grau altíssimo de degradação física e psicológica, sustentada por intermédio de drogas, álcool e outros combustíveis viciantes.

Muitos músicos procuram nas drogas a fonte para inspiração de sua arte. Keith Richards, declaradamente viciado em maconha declara abertamente: ”Nunca tive problemas com as drogas. Tive problemas com a polícia.”, e completa “O segredo da minha longevidade é o fato de usar drogas de qualidade”.

Não haveria espaço neste blog para comentar sobre todos os músicos envolvidos com entorpecentes, mas um em especial supera todos os limites da auto destruição: Jim Morrisson.

Há quem diga que para um ídolo ficar eternamente na memória dos fãs ele precisa morrer no auge de sua carreira, e Jim fez isso muito bem! Após o sucesso obtido com sua banda em primeiro álbum, auto entitulado “The Doors”, de 1967, Jim iniciou uma seqüência de provações, cada vez mais destrutivas, envolvendo forte uso de ácidos barbitúricos e álcool.

Rebelde sem causa? Deixo a pergunta no ar para o leitor chegar as suas próprias conclusões ao final deste texto.

Morrisson cresceu na Califórnia em uma família de classe média. Durante sua a infância, contou com a ausência da figura seu pai, que participou como piloto de aeronaves durante a Segunda Guerra Mundial.

Quando tinha quatro anos, presenciou um acidente que marcou sua vida. Vários índios que trabalhavam como “bóias-frias” morreram durante o choque de dois caminhões em uma estrada que liga Santa Fé a Albuquerque. A imagem da tragédia ficou para sempre na mente de Jimbo, que descreve o momento como “o mais importante de toda sua vida”. Daí, parte seu lado espiritualizado, envolvido com o xamanismo e a cultura indígena.

Mesmo ausente, seu pai, George S. Morrisson, quando estava por perto, buscava se aproximar de Jim, que agia de maneira arredia e não permitia um entendimento familiar. Sempre agiu como seus pais estivessem “mortos”, porém eles eram figuras com carreiras estáveis e respeitáveis (a mãe de Jim era funcionária pública), consumidores do “american way of life”.

Morrisson ingressou na faculdade de arte e cinema da Universidade da Califórnia em Los Angeles. Lá encontrou um ambiente que lhe permitiu aprimorar seu conhecimento literário para expor seu pensamento contrário ao mundo em que vivia. Sua fonte de inspiração estava em obras de poetas franceses e no romancista William Blake, um escritor inglês radicado nos Estados Unidos, tido como o pai do romance cerebral, com livros onde expõe seu ceticismo quanto ao futuro do mundo, e que são repletos de considerações morais. Seu romance, “As portas da percepção”, inspirou Morrisson até no nome da banda.

Jim não respeitava limites. Durante seus shows, arrotava no microfone, xingava o público e chegou até a mostrar seu pênis para a platéia em Miami. O constante uso de álcool e ácidos, antes e depois de suas apresentações, o levaram para a delegacia várias vezes. Seus próprios companheiros deixam bem claro a admiração pelo talento do cantor e compositor, porém, quanto ao seu comportamento os três doors são unânimes “Ele estava nos frustrando com sua autodestruição”, ressalta o baterista John Desdenmore.

Para quem dizia que se via como “um cometa enorme e feroz” ou dizia:"Sou o Rei Lagarto, posso fazer tudo", Jim mostrava seu definhamento moral e físico. Em 1969, após o lançamento de “The Soft Parade”, álbum sem muita inspiração, Morrisson reaparece barbudo e gordo, trazendo na sua imagem o retrato de sua decadência. Os críticos acreditavam que os Doors estavam no fim, porém Morrison Hotel (1970) e L.A. Women (1971) resgatam o prestígio e as raízes blues da banda.

Após as gravações do último álbum, Morrisson decide viajar para Paris, onde busca se encontrar com seu lado mais poético. No dia 3 de julho de 1971 é encontrado morto em uma banheira, por sua namorada Pámela Courson. O cantor, que renegou a presença de seus pais durante toda sua carreira também foi desprezado por eles, e acabou sendo enterrado em Paris mesmo.

O que Jim fez do seu corpo através de suas viagens lisérgicas é o que muitos até têm vontade de fazer mas não possuem coragem para concretizar. Seu desgosto pelas contradições do mundo em que vivia, seus conflitos internos e a negação de sua família fizeram com que ele se isolasse em uma redoma, caminhando sozinho rumo a uma porta que o levou ao fim, como no conto “A porta na parede” de H.G. Wells, onde um homem, na busca por um mundo mágico e repleto de maravilhas, acaba por encontrar a morte ao transpor uma porta amaldiçoada.

3 comentários:

Jefferson Pacaembu disse...

Acho que seu texto comete um deslize ao narrar a trajetoria de Morrison. Sem citar a grandesa de suas letras e sua performance no palco, lembrada como uma das maiores de todos os tempos, não da pra ter uma verdadeira dimenção do cara.

Bruno Calixto disse...

Morrison era ao mesmo tempo poeta, cineasta e músico, e gênio. Acho complicado em falar de decadência moral, principalemte de um cara que acreditava tanto que o que ele fazia era arte a ponto parar Light My Fire no meio do show, para a irritação de fãs, e recitar um poema. As drogas podem levar alguém ao desastre, mas será que Morrison seria o mesmo artista-gênio sem elas? Difícil responder...

Alexandre Azank disse...

É inegavel que o telento e as performances de Morrisson fizeram dele um dos maiores nomes da história da musica. Não achei pertinente citar as letras e suas atitudes em palco para não tornar o texto redundante ou comum. Fugir do convencional as vezes é bom. Concordo que as drogas ajudaram Morrisson a chegar tao longe, mas as mesmas que o inspiraram, foram capazes de lhe sugar a vida.