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segunda-feira, novembro 20, 2006

O negro no rock

Neto do blues e filho do rockabilly, o rock and roll se constituiu através da mistura de ritmos como o blues, o R&B e gospel, todos eles de origem escrava e com forte teor contestador, e aos poucos foi segregando as culturas branca e negra de forma a tornar o estilo musical quase que homogeneamente branco.

Essa braquinização do rock se deu por volta do final dos anos 50 e início dos 60, quando estouraram nomes como Bill Halley, Elvis Presley, Jerry Lee Lewis, e grupos como os Beatles, Beach Boys e Rolling Stones.

O Blues, batida cadenciada e irreverente surgida do sul dos Estados Unidos durante a Guerra Civil Norte-Americana, trazia junto ao seu ritmo, letras profundas e com forte teor de sofrimento, amor, trabalho e luta do povo escravo contra a opressão.

O negro William Christopher Handy, que se auto-intitulava como “pai do blues”, em meados de 1903 compôs músicas que viriam a ser clássicos do estilo como “St Louis Blues” e “Yellow Dog Blues” ambas falando da escravidão e do sofrimento de seu povo. Seguindo a tradição, entre 1920 e 1930, surgiram de Chicago e do delta do Mississipi nomes como Chaley Patton, Blind William Jhonson, Bo Carter e os estupendos Robert Johnson (foto acima) e Muddy Waters, que disseminaram o blues pelos Estados Unidos de tal forma que as gravadoras, que investiam pesado no jazz e nos musicais, passaram a olhar com mais atenção para músicos negros e “caipiras”.

Já nos anos 50, o blues ganha mais ritmo nas guitarras de B.B. King, Chuck Berry e Little Richard e no piano de Ray Charles, ganhando, assim, status de novo estilo musical ao ser chamado de “ryhthm & blues” ou “dance blues”. O gospel, estilo que privilegiava a voz independentemente da instrumentação, sai das igrejas e ganha notoriedade com grupos como os “Teenagers” de Frank Lymon(foto abaixo) e o “The Platters”.

Da mistura de todos esses estilos surge o rock and roll, que explode em aceitação por jovens que buscavam uma voz para expressar sua insatisfação com a política, com a economia, com a opressão e consigo mesmo. Por mais que os negros estivessem em alta, a necessidade das gravadoras em atingir um público cada vez maior, baseado na sociedade economicamente ativa, fez com que a mídia criasse uma relação muito forte entre o rock e o artista branco.

Daí pra frente, o branco incorpora o rock e toma como seu, como um posseiro que ganha as terras do estado por “usucapião”. Ele se torna o representante do rock e do próprio blues, agora tocado pelos Yardbirds, Cream, Beatles ou Rolling Stones e dá a Elvis Presley o título de “deus do rock”.

Como o rock é transgressor, contestador e polêmico, ele de forma alguma poderia ser monoteísta. Em 1967 o mundo passa a conhecer o som das guitarras distorcidas de um “deus negro” nascido em Seatlle, cujo primeiro contrato firmado com um produtor foi no valor de U$1,00. Seu nome: Jimmy Hendix (foto).

Canhoto, Hendrix tocava sua guitarra ao contrário e com as cordas invertidas além de entortar notas através de sua “Strat”, alavanca patenteada posteriormente pela Fender para distorcer o som. Símbolo do movimento hippie, eternizou o Festival de Woodstock ao tocar “Star Splanged Banner” distorcendo as cordas de seu instrumento de forma a soarem como metralhadoras e bombas, alusão á Guerra do Vietnã.

Depois de sua morte poucos roqueiros negros surgiram. Alguns tocaram junto ao Allmans Brothers e em outros grupos menores, mas de certa forma, os brancos dominaram o estilo. Não se encontra bandas de negros no progressivo, no heavy metal, no indie, no hard rock nem no country rock.

É possível encontrar referências como Lenny Kravitz, Ben Harper, Derrick Green, e Steve Wonder, porém não podem ser considerados roqueiros vigorosos ou de forte atuação no estilo, com exceção de Green que atua com virtuosismo nos vocais do Sepultura. A cultura negra se afastou, ou melhor, foi afastada do rock por causa de interesses de marketing, porém a história do rock nunca poderá ser contada sem que seja citada a cultura negra e sua legítima influência, doa a quem doer.

17 comentários:

Fuhrmann disse...

muito bom esse blog e muito boa as matérias, parabens.

GABRIEL RUIZ disse...

Azank!
Cara, tem uma história em especial que se refere ao blues e ao negro. Em várias regiões dos EUA onde havia escravidão, os negros eram proibidos de tocar blues. Se fossem pegos, eram sacrificados. Em apenas duas regiões, era "liberado". E foi justamente nestes locais que o blues norte americano se desenvolveu com maior intensidade.
Eu não tinha parado para pensar, mas realmente hoje não temos figuras emblemáticas tocando por aí... quais serão os outros fatores?
Belo post cara.
abração

Anônimo disse...

Só pra citar tb, o Living Color é uma banda apenas de negros e fez um poko se sucesso com um rock alternativo!
Valeu, belo post!

Jack disse...

Há algum tempo eu e um amigo estávamos dicutindo exatamente isso.
Como me considero negra ele não acreditou que eu fosse capaz de curtir o rock and roll na essência, e falei para ele que o rock não tem nada a ver com a raça da pessoa. No entanto fui contestada e ouvi a justificativa de que o rock não era uma música de negros.
Agora, com esse post, estou mais do que munida para argumentar sobre o assunto, meus parabéns e muito obrigada!!

Guilherme disse...

Boa matéria, mas esqueceste dois monstros sagrados do Rock - Arthur Lee (do Love) e Thin Lizzy, que não podem ser considerados personagens menores. Um abraço

Anônimo disse...

Thin Lizzy com certeza foi uma das melhores bandas de Rock que esqueceram de citar neste post!

Anônimo disse...

as bandas de rock com integrantes negros são: living colour, Lenny Kravitz Skunk Anansie Thin Lizzy Sepultura Killswitch Engage Bloc Party Legião Urbana Devotos(PE) Inocentes Jimmy Hendrix talvez o Prince...
o trash do Hirax e acho que só um abraço a todos e não se esqueçam que independente de o rock ser feito por brancos ou negros o mais importante é se divertir porque pedras que rolam não criam musgo.

Rui disse...

Sou negro e curto blues e rock, e penso que vale a vocação artística, não a cor da pele ou raça do músico, mas, de fato, é importante não esquecer a origem do rock, para não sair se falando bobagem por aí.

Parabéns pelo post.

RS D

Anônimo disse...

Em algumas vertentes do rock mais extremo, ainda podemos citar a banda BODY COUNT, dos E.U.A,que mistura hard-core, metal e alguma coisa do HIP-HOP. No BLACK METAL temos artistas excepcionais como MYSTIFYER (BRA), O guitarrista da banda BLASPHEMY (CAN), membros da banda de DEATH METAL SUFFOCATION.Não podemos esquecer JEFF SCOTT SOTTO, que já tocou com YNGWIE MALMSTEEN.O guitarrista do INFECTIOUS GROOVES ADAN SIEGEL, O guitarrista do SUICIDAL TENDENCIES DEAN PLEASANTS, KATON, da bnada THRASH METAL HIRAX, DERRICK GRREN do SEPULTURA, PHIL LYNNOT do THYN LIZZY, A banda LIVING COLOUR. Tem inumeros talentos dentro do heavy metal que são negros.

Hanumtin disse...

Eis uma questão muito interessante que une sociologia e história da musica! Eu penso o seguinte: O rock é um gênero imenso e diverso e assim como o jazz e o blues serviu para unir povos e raças em torno de um gosto musical.Jovens brancos, em um U.S.A cheio de tensão racial e conflitos se interessaram pela fantástica musica de origem afro-americana ajudando a resgatar uma cultura e a dignidade de um povo numa época onde jamais se imaginaria um ídolo pop negro arrebanhando multidões pelo seu talento sem se importarem com sua cor.Sempre vi o rock como um subtipo de um gênero maior que é a chamada black music-jazz,blues,r&B,funk,etc... (calma eu explico) ...A questão é que o mercado e a cultura racista norte-americana segmentou os estilos e segregou pessoas e grupos por aparência física e origem numa tipica visão racista que não quer nos ver como indivíduos,com nossos próprios gostos e acha que pessoas são coisas que tem que ter o seu lugar.
O rock sempre foi mestiço,o rock nem era chamado rock quando era apenas um blues elétrico tocado de maneira mais rápida,Elvis (o rei-?) nunca negou que imitou todos os negros cantores anteriores a ele,
assim com tantos outros jovens brancos que o sucederam e alias fizeram questão de fazer parcerias e celebrarem o nome dos bluseiros que passaram a fazer o blues elétrico que o"famigerado" mercado fonográfico resolveu chamar de rock'in'roll.
A grande questão presente nesta discussão é que o chamado rock pesado (heavy e seus sub-tipos) com o tempo (a partir dos anos 70) foi ficando cada vez mais popular quase que exclusivamente entre algumas minorias de jovens brancos (isso é um fato) enquanto negros e a maioria dos brancos curtiam tantos outros estilos que se tornaram populares (disco,funk,pop-rock,variações do jazz) etc... .A questão é por quê estes subgêneros do rock pesado é ouvido quase que exclusivamente por brancos?Tenho minhas teorias.Os metaleiros ou coisas parecidas tem tendencia a serem alternativos e não se "misturarem" com o que é popular, segmentando-se e se isolando em guetos.A maioria dos brancos não gosta de rock pesado, logo isso não é uma questão racial e com tantas opções de boa musica os negros meio que não querem dar o braço a torcer.Alem do mais existem questões ideológicas por trás do discurso de algumas bandas (algumas) que levaram o rock pesado a se afastar das origens se aproximar mais da cultura primitiva europeia em suas harmonias e melodias e quase excluir os elementos afro-americanos do blues.Por isso banda de rock pesado que se distancia muito do blues e não reverencia o rock do passado(mestiço) eu fico de pé atrás.
dentro da realidade brasileira a questão é que geralmente Rock pesado é um som curtido por uma minoria de jovens de classe média(brancos) que outrora tinha mais acesso a informação (revistas,discos importados) e naturalmente uma barreira foi se colocando ,alem do mais tinham a tendencia a renegar as origens brasileiras e o som nativo.Em dias atuais isso tende a acabar ...Espero!

Jussara disse...

Obrigada por ser tão claro e objetivo aprendi muito. Bjs!

Nilo Boanova disse...

Bom eu sou negro e curto muito rock and roll hard rock hearvy metal etc... reconheço que existe esse lance dos brancos terem maior distaque por um grande numero de bandas de rock serem compostas por brancos de qualquer forma ha grandes bandas tendo negros como frontmans dando alguns exemplos o Hirax no metal e o Thin lizzy no hard rock tem outras como o Body count formada inclusive pelo Ice T que é um pioneiro no estilo gangsta rap ( que não tem muito em comum com o rock) tenho orgulho de ser negro não so pelo blues como pelo Soul e o Funk que ajudaram a desenvolver muitos estilos e estão presentes em Bandas como Red hot chilli perpers Faith no more e no Rage against the machine... Gostei do seu texto para mostra esse lado de raiz do rock e é claro que a influencia do negro vai muito alem... Temos que acabar com certos preconceito e vida longa a todos os estilos de rock. Abraço!

Unknown disse...

Sou negro e também amo rock pq pra mim não. é sua cor ou aparência q deve ser julgadas mas sim o seu caráter .
VALEU

Anônimo disse...

Pra mim rock é tudo,independente se vc é negro ou branco

Antenor Alandir de Andrade Juiz de Fora (MG ) disse...

sou negro,tenho muito orgulho de minha origem afro-brasileira,voces pessoas sensatas já se depararam com a verdade a africa mae e detentora de muitos ritmos musicais,no caso do brasil mas particularmente o samba nasceu criolo na senzala,pra depois embranquecer joao Gilberto e entronar a bossa nova e a garota de Ipanema de vinicius de Moraes.Da mesma forma por imposição do racismo e do capitalismo cruel,vesse helvis Presley,beatles os donos de um ritmo que a cultura deles não criaram e sim por imposicaode uma mídia hipócrita, desumana e interesseira.Tenho minha total convicção de que se não fossem os negros eles não seriam os super astros do negro Rock and roll, a sociedade e a historia são muito sujas e hipócritas.

Anônimo disse...

Muito bom.

Mia Lopes disse...

Esse post é mais um arquivo musical, parabéns pelo aprofundamento. Incrível! Vou fazer um post no meu blog e utilizarei o seu como fonte. Obrigada. www.mialopes.com