Rock Eletrônico
Tudo começou na cinzenta Manchester em 1977. Os jovens Ian Curtis (vocais), Bernard Sumner (guitarra), Peter Hook (baixo) e Steve Morris (bateria) se juntaram diante do cenário underground da época para fazer um som que ia do punk ao indie, com fortes influências do Velvet Underground e David Bowie, daí surgiu o Joy Division.
Depressivo, morno ou angustiante, o som do Joy Division pode até receber esses rótulos, porém a contribuição que o vocalista e líder Ian Curtis (foto) e sua banda deu ao cenário musical da época foi imensa, influenciando conjuntos como The Cure e The Banshees e sendo um dos braços do surgimento do movimento new wave após o surgimento do New Order.
A melancolia fortemente presente em suas letras retratava a visão que Curtis tinha de sua existência, de como a solidão lhe incomodava e da procura por algo que nem ele sabia o que era, observado nos versos de “Shadowplay”: ´To the centre of the city where all roads meet, waiting for you/ To the depths of the ocean where all hopes sank, searching for you”.
Sua canção mais famosa, “Love Will Tear Us Apart”, foi lançada no seu segundo álbum “Closer” de 1980 e trata de um amor destrutivo, de algo que irá miná-lo até a morte:” Why is the bedroom so cold /Turned away on your side? / Is my timing that flawed,/ Our respect run so dry? Yet theres still this appeal/ That weve kept through our lives”.
Consumido pela depressão e forte uso de drogas, em maio de 1980 Curits se enforca com uma corda de varal e como em “In a Lonely Place”, onde vislumbra a paz em um lugar calmo e sem assombrações, o músico morre aos 23 anos de idade.
O que parecia ser o fim da banda se torna o motivo da mudança. Eis que ocorre a mutação, processo que transforma o cadenciado e triste Joy Division no alegre e eletrônico New Order (foto abaixo).
A “Nova Ordem” instituída principalmente por Bernard Sumner serviu para dar uma reviravolta no cenário musical do início dos anos 80, e a pioneira inserção de música eletrônico com o rock proporcionou ao grupo mais visualidade, pelo menos no universo pop, deixando para trás antigo quarteto que reverenciava a depressão.
O New Order ganhou cor e ares de banda pop e deixou para trás o cinza e sua essência punk, uma mescla de estilos que fez com que o grupo fosse adorado e ao mesmo tempo odiado pela crítica e pelos fãs do antigo Joy Division.
Seu primeiro trabalho, “Movement” de 1981, já revela uma outra face do grupo, agora com a presença de Gillian Gilbert no teclados, esposa de Stephen Morris, e Phil Cummings nos sintetizadores, algo inédito no mundo do rock.
A mutação não ficou apenas na sonoridade mas também no conteúdo das letras, compostas em sua maioria por Sumner, que tratavam de felicidade, paz e vida, porém a buscas por respostas ainda seria uma máxima do grupo como em “Bizarre Love Triangle” (“Every time I see you falling /I get down on my knees and pray /Im waiting for that final moment/ You say the words that I cant say”) ou “Blue Monday” (Tell me how do I feel/ Tell me now how do I feel”).
A batida eletrônica muita vezes deixa a dúvida se o som da banda é rock ou techno e é possível achar remanescentes diretos de sua dinastia como os Pet Shop Boys ou indiretos como R.E.M. e INXS. Até a ridícula tentativa de Diddy Ramone em virar rapper no começo dos anos 90 não se equipara a mudança radical na sonoridade que liga o Joy Division e o New Order.
Com vinte e seis anos de estrada, o grupo inglês desembarcou no Brasil para um série de shows nas cidades de Brasília, Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro. Após dezoito anos de sua última exibição no país, Sumners, Morris, Cummings e Hook permanecem no conjunto que não empolga como nos anos 80, mas que sem dúvida causa nostalgia no público.
Pra quem não conhece ou não se lembra muito bem do trabalho dos caras de Manchester, o clipe "Bizarre Love Triangle" serve para refrescar a memória.
6 comentários:
Bizarra essa mudança de Joy Division pra New Order...
E as duas bandas revolucionaram mto o rock nos anos 82, mesmo com enfoques diferentes, mas com os mesmos membros.
Da hora!
Gosto de algumas músicas do Joy Division, e práticamente desconheço New Order, mas a importância deles pro cenário pós-punk é obvia... e pelo o que tem saído nos jornais dos shows aqui no Barsil, a impressão que tenho é que a imprensa ta de quatro por esse show.
Pelo que li na Folha, o show em São Paulo não foi tão empolgante, mas vale a colaboração do grupo para a história da música.
Valew
Acho que o Joy Division influenciou o rock mais do que o New Order, que é mais techno!
Parabens pelo blog
Muito bom o post, diferente do planta eu conheço mais o New Order que o Joy Division .
Vou procurar conhecer mais a fase com o Ian Curtis.
Abraço..
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